Vera Lúcia de Oliveira é uma poetiza brasileira que escreve poesia em italiano, fiz uma sussinta coletânea de poemas que me encantaram e achei que valesse a pena editá-los aqui. Desfrutem:
"Ti canto il mezzogiorno
che entra nelle pietre e le spacca
con gli anni e poi ti canto
le finestre aperte che riflettono
la luce ti canto la luce
che acceca e rovista
in tutte le direzzioni
anche dove non vorrei"
"c'è una goccia in cucina
che misura i secondi
non una va via
senza che lei lo conti"
"La diferenza fra il mio e il suo sonno
è che io dentro non entro
rimango svelglia ascolto il cuore
il sangue scorre e mi porta
vado da tutte le parti e poi
torno con un bel carico"
domingo, 16 de dezembro de 2007
Molecagem
Silêncio depois da conversa difícil
Era só o que havia ali
Um eu lírico cansado
Um poço de reflexão e vida inerte
Proteção... era o que faltava
E um jeito especial de lidar com opostos
Nada mais, além de amores impossíveis
Entre homens e mulheres
Com homens e mulheres
E a vida violenta que dizia afasta-te
Adolescência num quarto de anjos e bailarinas
Nas ruas a molecagem das bolas e das pipas
Ser, estar ou querer ser moleque?
Bailarina só nos quadros, anjo do inferno e moleque real
Jorge. O nome que eu dei.
Um jardim claro e um lado obscuro. Um sonho que ele teve.
Será que no jardim estava o anjo, a bailarina ou o moleque?
Um dia, quando eu tinha 4 anos, prometi a um garoto que me casaria com ele. Mas me esqueci de perguntar à vida: posso?
Ela certamente responderia:
_ Serás torta, escolherão caminhos opostos. Ele: mares de morros encantados. Você: uma garoa cinza numa selva de pedra. E não terão tempo de saber que se gostam como anjos e que dançam no palco da vida não com a harmonia de bailarinos, mas com a proeza de moleques admirando uma pipa no céu.
Era só o que havia ali
Um eu lírico cansado
Um poço de reflexão e vida inerte
Proteção... era o que faltava
E um jeito especial de lidar com opostos
Nada mais, além de amores impossíveis
Entre homens e mulheres
Com homens e mulheres
E a vida violenta que dizia afasta-te
Adolescência num quarto de anjos e bailarinas
Nas ruas a molecagem das bolas e das pipas
Ser, estar ou querer ser moleque?
Bailarina só nos quadros, anjo do inferno e moleque real
Jorge. O nome que eu dei.
Um jardim claro e um lado obscuro. Um sonho que ele teve.
Será que no jardim estava o anjo, a bailarina ou o moleque?
Um dia, quando eu tinha 4 anos, prometi a um garoto que me casaria com ele. Mas me esqueci de perguntar à vida: posso?
Ela certamente responderia:
_ Serás torta, escolherão caminhos opostos. Ele: mares de morros encantados. Você: uma garoa cinza numa selva de pedra. E não terão tempo de saber que se gostam como anjos e que dançam no palco da vida não com a harmonia de bailarinos, mas com a proeza de moleques admirando uma pipa no céu.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
A Garçonete
Queria ter tido antes da sensação do nada
Ser tudo
Ser o todo
Platonicamente... platon... ic.. a mente
esvaída hoje talvez numa embriaguez
porque a sobriedade incomoda e dói os olhos
Antes do dígito, queria poder ter tido noites a fio
tecendo rascunhos de uma realidade impossível
com uma pena e tinta que não manchasse.
Entrego-me de vez à esta ceita e parece que não tive escolha
pois quando criança tranquei-me no quarto e me escondi de mim
Embaixo da escrivaninha ouvindo uma voz frenética cantando mil pedaços
Poderia ter cortado os pulsos
Gostaria de ter ganhado guarita
Em seios e sonhos sem saudade
De algo que eu não conhecia
Mas que me lembrava a efemeridade do espaço da fumaça do cigarro dentro de mim
As garrafas entulhadas na pia da cantina e o bafo podre dos cachaceiros do bar
O líquido transforma-se em gasoso não só por uma questão de temperatura
Mantinha meu bom humor
Porque a sociedade é mal humorada
E eu sou hipócrita ao ponto de por a culpa toda sempre na sociedade
Porque é fácil e porque hoje ouvi o pastor dizer que o homem deve entrar pela porta estreita
Mas as oportas da Igrja são sempre imensas...
Ser tudo
Ser o todo
Platonicamente... platon... ic.. a mente
esvaída hoje talvez numa embriaguez
porque a sobriedade incomoda e dói os olhos
Antes do dígito, queria poder ter tido noites a fio
tecendo rascunhos de uma realidade impossível
com uma pena e tinta que não manchasse.
Entrego-me de vez à esta ceita e parece que não tive escolha
pois quando criança tranquei-me no quarto e me escondi de mim
Embaixo da escrivaninha ouvindo uma voz frenética cantando mil pedaços
Poderia ter cortado os pulsos
Gostaria de ter ganhado guarita
Em seios e sonhos sem saudade
De algo que eu não conhecia
Mas que me lembrava a efemeridade do espaço da fumaça do cigarro dentro de mim
As garrafas entulhadas na pia da cantina e o bafo podre dos cachaceiros do bar
O líquido transforma-se em gasoso não só por uma questão de temperatura
Mantinha meu bom humor
Porque a sociedade é mal humorada
E eu sou hipócrita ao ponto de por a culpa toda sempre na sociedade
Porque é fácil e porque hoje ouvi o pastor dizer que o homem deve entrar pela porta estreita
Mas as oportas da Igrja são sempre imensas...
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
O menino de asas
Era um rancho brigado na justiça por "nullifaccenti"
Às margens do rio grande porque coisa pequena é bobagem
As águas eram calmas, mas às vezes sediam à corrente
Decidiram na matança de um boi fazer uma barragem
Tiraram o boi do labirinto e nem perceberam que era metade homem
O boi fez um último pedido antes da morte trágica
_Quero que matem apenas minha parte boi que a razão me consome
E um churrasco do boi fizeram numa tarde mágica
Um ribeirinho já bêbado e sem muita instrução
Olhando para o rio de três margens
Viu no reflexo da lua achando que era imaginação
Algo que seria uma bobagem
Mas não, era um menino choroso na pedra do rio
O menino que surgiu no meio da noite no meio do rio...
A Imperatriz
Te olho e digo bom dia
Um olhar indiferente me fita
Abro a geladeira e nao tem leite
Guardou pra cachorra, vaca!
Viveu meus dias pueris
Não deu a mínima
Babá torta, mãe oblíqua
In Sônia não havia espaço pra emotividades
E minha humildade ali cresceu
E a vaidade ali emudeceu
E o egoísmo ali desapareceu
Rainha de um reino que não era dela
Rainha de uma escola de forró e não de samba
Mãe da gata e da cachorra
Tormento e salvação da minha personalidade
Não te rimo perfeitamente porque nõa me permitirias rimar
Um olhar indiferente me fita
Abro a geladeira e nao tem leite
Guardou pra cachorra, vaca!
Viveu meus dias pueris
Não deu a mínima
Babá torta, mãe oblíqua
In Sônia não havia espaço pra emotividades
E minha humildade ali cresceu
E a vaidade ali emudeceu
E o egoísmo ali desapareceu
Rainha de um reino que não era dela
Rainha de uma escola de forró e não de samba
Mãe da gata e da cachorra
Tormento e salvação da minha personalidade
Não te rimo perfeitamente porque nõa me permitirias rimar
Jaboticabas
As ruas eram vazias e sem sentido uno nos lugares
Numa cidadela dessas ribeirinhas
O torpor da cerveja misturava-se com aroma das frutas nas árvores
Numa cidadela dessas pequeninas
Na lembrança de origem remota e frágil
Uma menina se escondia do vento
No momento de pureza simples e tátil
Uma menina suspirava por um momento
E se precisa desconfiar dos não -fumantes pois fumar é um ato de suspirar
Os habitantes da cidadela imaginavam o que queriam
Era uma criatura de interrogativas sóbrias
Os habitantes da cidadela faziam dela o que queriam
Era uma criança com opiniões próprias
Teciam o mito que a imaginação lhes permitia
Dentro da criança havia pedras
Produziam a vida que ela de longe quereria
Fora da criatura urravam feras
E neste jogo de dentro e fora a vida era simples a olhos distantes, no inferno em que ela escolheu morar. Era apenas uma moça de uma cidadela dessas ribeirinhas, era apenas uma moça de uma cidadela dessas pequeninas, nada mais...
Alma e corpo
Minha alma, minha alma
Minha alma in carcaça de corpo
Dela nada, nada se salva
Só dos olhos é que me absorvo
Arroto o que é convencional
Grito e sinto o que é carnal
Ó, moça burguesa dentro de mim
Por que é que me queres assim?
A minha alma livre do corpo
Apenas te sente pela visão
Teu hálito, teu cheiro e teu gosto
Frutos da carcaça de corpo são
Alma e corpo, mistura que não deu certo quando inventaram o amor.
Corpo meu, corpo meu
Embebedei-me, degustei o cheiro
Do que o nariz comeu
Com as mãos sem um pingo de receio
Invagino-te na noite só
Deixo meu cheiro no teu paletó
Ó, homem viril dentro de mim
Por que é que me queres assim?
Una, fixa, pura e livre?
Se sou duas, dois estados de alma
Almas que loucas vivem
Estranhas In carcaça de corpo-jaula
terça-feira, 6 de novembro de 2007
LUCÌFERA
Era uma anja, dessas que tem sexo,
gênero e feições humanas
Nasceu de uma piscadela da lua com o centauro
Foi condenada a ser mulher no Paraíso
A fatalidade da carne num lugar feito de sonhos
A vida de um não sei onde com um não sei quê
Dividida entre o céu e o labirinto mítco
Filha pungente e oblíqua de pais separados
Queria poder ser só do céu, mas os demais anjos a olhavam de esgueio
Em lágrimas vertia chuva apenas num rio
O rio de três margens onde vento nenhum fazia curva
Que vivia cheio, pois muitas eram as suas lágrimas
E muitas eram as noites que ela substituía a lua
Cansada de ser carne em meio a tanta abstração
Num ato de fúria despiu-se das asas e desceu ao inferno
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