terça-feira, 6 de novembro de 2007

LUCÌFERA

Era uma anja, dessas que tem sexo,
gênero e feições humanas
Nasceu de uma piscadela da lua com o centauro
Foi condenada a ser mulher no Paraíso
A fatalidade da carne num lugar feito de sonhos
A vida de um não sei onde com um não sei quê
Dividida entre o céu e o labirinto mítco
Filha pungente e oblíqua de pais separados
Queria poder ser só do céu, mas os demais anjos a olhavam de esgueio
Em lágrimas vertia chuva apenas num rio
O rio de três margens onde vento nenhum fazia curva
Que vivia cheio, pois muitas eram as suas lágrimas
E muitas eram as noites que ela substituía a lua
Cansada de ser carne em meio a tanta abstração
Num ato de fúria despiu-se das asas e desceu ao inferno

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