quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A Garçonete

Queria ter tido antes da sensação do nada
Ser tudo
Ser o todo
Platonicamente... platon... ic.. a mente
esvaída hoje talvez numa embriaguez
porque a sobriedade incomoda e dói os olhos
Antes do dígito, queria poder ter tido noites a fio
tecendo rascunhos de uma realidade impossível
com uma pena e tinta que não manchasse.
Entrego-me de vez à esta ceita e parece que não tive escolha
pois quando criança tranquei-me no quarto e me escondi de mim
Embaixo da escrivaninha ouvindo uma voz frenética cantando mil pedaços
Poderia ter cortado os pulsos
Gostaria de ter ganhado guarita
Em seios e sonhos sem saudade
De algo que eu não conhecia
Mas que me lembrava a efemeridade do espaço da fumaça do cigarro dentro de mim
As garrafas entulhadas na pia da cantina e o bafo podre dos cachaceiros do bar
O líquido transforma-se em gasoso não só por uma questão de temperatura
Mantinha meu bom humor
Porque a sociedade é mal humorada
E eu sou hipócrita ao ponto de por a culpa toda sempre na sociedade
Porque é fácil e porque hoje ouvi o pastor dizer que o homem deve entrar pela porta estreita
Mas as oportas da Igrja são sempre imensas...

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