domingo, 16 de dezembro de 2007

Molecagem

Silêncio depois da conversa difícil
Era só o que havia ali
Um eu lírico cansado
Um poço de reflexão e vida inerte
Proteção... era o que faltava
E um jeito especial de lidar com opostos
Nada mais, além de amores impossíveis
Entre homens e mulheres
Com homens e mulheres
E a vida violenta que dizia afasta-te

Adolescência num quarto de anjos e bailarinas
Nas ruas a molecagem das bolas e das pipas
Ser, estar ou querer ser moleque?
Bailarina só nos quadros, anjo do inferno e moleque real

Jorge. O nome que eu dei.
Um jardim claro e um lado obscuro. Um sonho que ele teve.
Será que no jardim estava o anjo, a bailarina ou o moleque?

Um dia, quando eu tinha 4 anos, prometi a um garoto que me casaria com ele. Mas me esqueci de perguntar à vida: posso?
Ela certamente responderia:
_ Serás torta, escolherão caminhos opostos. Ele: mares de morros encantados. Você: uma garoa cinza numa selva de pedra. E não terão tempo de saber que se gostam como anjos e que dançam no palco da vida não com a harmonia de bailarinos, mas com a proeza de moleques admirando uma pipa no céu.

2 comentários:

Adoniran Leblon disse...

Olha só!!! Devo começar dizendo que, por alguma razão, não gosto desses "tratos" na vida real. "Visita meu blog que eu visito o teu" é algo que me soa corporativo demais. Mas aceitei o convite de vir aqui e gostei. E tanto essa coisa de "tratos bi-laterais" como esse seu primeiro post me remetem ao grande amor platônico da minha vida. Que foi platônico por anos e anos, e quando finalmente começamos a conversar, desisti dela precisamente no dia que ela me falou "enquanto você estiver ao meu lado, vou estar ao seu lado também." Nunca mais apareci. Fiz errado? Eu estava há anos ao lado dela sem ela nunca ter olhado pra mim. Senti que aquilo estava condenado a ser um eterno desnível abissal. Fiz o que senti que devia ser feito na hora. Estranho, né? A vida não nos dá todas as pistas que gostaríamos...

Maína Machado disse...

Não foi um "trato" gosto de chamar de pragmática, e quanto ao seu amor platônico, bem... amores platônicos são reais apenas em nossos desejos imaginários, ou seja, são idealizações. As pessoas não são da forma como imaginamos, se assim fosse os amores platônicos não existiriam. Fez bem, a melhor maneira de se cultivar um amor platônico é mantendo-se longe, pois assim a realidade não distorce a idealização. Não é verdade?