segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Yes, baby.


Há um medo nas pessoas, há um estranho incômodo quando elas começam a se dar conta de que estão felizes demais. É certa uma tendência física, aquela força que puxa as coisas para a terra, qual é mesmo o nome?
- Gravidade.
- Isso. Gravidade. E começo a suspeitar que a palavra grave, para conflitos sérios tenha começado a se fazer usar para estes fins. "Fulano está eufórico demais, não acha? Isso é grave".
Não, não venho aqui defender que a euforia tenha lá seu pezinho no romantismo, nosso fiel defensor da loucura, da sentimental em detrimento da razão, a maioria dos românticos que eu li eram bem depressivos e nem venho colocar que a euforia é alguma patologia que a psicanálise adora diagnosticar para coisas muito simples.
Venho por aqui traçar, esboçar, ou melhor, fazer um croqui literário do que o indivíduo contemporâneo tendencia em suas vidas.
Corremos feito loucos, buscamos a felicidade numa maratona de trabalho, esforço, força salário para aumentarmos incansávelmente nosso IDH individual. Índice de Desenvolvimento Humano, o cara que inventou este termo nunca ouviu falar de um movimento bem antigo, que vem desde a Antiguidade chamado Humanismo. Ele vem acoplado com expressões tais como fugere urben, carpe diem, aureos amenos.
Não, meus queridos, não há como fugir desta máquina de stress, não há como aproveitarmos o dia, não há como elevarmos a alma nessa bolha caótica.
Mas olha só que tendenciosa, eu planejando falar de felicidade e fuga da gravidade sendo tão pessimista, ridícula!!

Ok, já que fiz a introdução racional de praxe para que não me julguem romantiquinha demais, lá vamos nós, ao lirismo que me permito, se me dão licença:

Acordei, senti o cheiro de cabelo lavado no dia anterior
Meu Deus, que ser mais lindo, que pessoa mais encantadora
Como uma manhã tão cinza pode ficar tão linda?
O medo tinha ido embora, aquela inhaca, que eu não sabia o que era, fora identificada e tratada.
Era o receio de que desse tudo errado, de perder cada sorriso conquistado, cada bafinho de manhã, cada carinhosinho, cada olhar de tirar o fôlego porque há amor demais.
Sentia-me naqueles comerciais bem clichês de margarina, em nuvens com um coralzinho de anjos cantando ao lado.
O abraço não era mais o de segurar, como reflexo corporal de mostrar que não quer perder.
Era abraço, de sim, sim, sim... está aqui, acontece e é maravilhoso, eu posso desfrutar, me é permitido!! sim!!
Eu me permito.